José Vitorino de Pina Martins foi um filólogo e investigador português, estudioso da cultura portuguesa e europeia do Renascimento, autor de mais de duas centenas de estudos históricos e bibliográficos em português, francês, italiano e inglês, publicados desde 1960. Cultivou também a ficção e o memorialismo.
Licenciado em Filologia Românica pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra com tese intitulada “Miséria e Grandeza do Homem em ‘Les pensées’ de Blaise Pascal”, foi leitor de Língua e Literatura Portuguesa na Universidade de Roma La Sapienza, tendo nessa ocasião frequentado o curso de Storia del Libro da Escola Biblioteconómica do Vaticano, onde seguiu as lições de Lamberto Donati sobre o livro ilustrado do Renascimento. Na Universidade de Bolonha frequentou os cursos de história da literatura italiana orientados por Carlo Calcaterra. Foi transferido para o leitorado de português da Universidade de Poitiers, na França, onde trabalhou com Raymond Cantel, estudioso do pensamento profético e messiânico do Padre Antônio Vieira. Inscreveu na Universidade de Paris III (Sorbonne Nouvelle) as suas teses de doutoramento, nas quais trabalharia sob orientação de Léon Bourdon e Robert Ricard. Foi convidado para ser assistente da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa onde regeu as cadeiras de História da Cultura Moderna, de História da Cultura Clássica, de História da Literatura Portuguesa II e de Literatura Italiana.
Em Paris, foi diretor do Centro Cultural Português da Fundação Calouste Gulbenkian, tendo, nessa qualidade, publicado mais de uma centena de edições e promovido a realização de numerosas conferências, colóquios, mesas redondas, recitais e concertos. Em cooperação com a Universidade de Paris VIII instituiu cursos de Língua e Cultura Portuguesas.
Defendeu sua tese de Doctorat d’État na Universidade de Paris III (Sorbonne Nouvelle), perante um júri presidido por Marcel Bataillon do Collège de France, tendo alcançado a mais alta classificação. Organizou, em Roma, sob a égide da Accademia Nazionale dei Lincei, do Instituto de Alta Cultura e da Fundação Calouste Gulbenkian, a mostra bibliográfica sobre Camões e il Rinascimento Italiano.
Fundou e dirigiu com Jean Aubin o Centre de Recherches sur le Portugal de La Renaissance na École pratique des hautes études (IVe section – Etudes historiques et philologiques), onde ensinou durante nove anos, dirigindo a cadeira de Civilização Portuguesa como chargé de conférences. De volta a Portugal, foi então convidado a ocupar o lugar de professor catedrático da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e de diretor do Serviço de Educação da Fundação Calouste Gulbenkian. Integrou a Academia das Ciências de Lisboa, tendo sido várias vezes eleito para exercer os cargos de presidente e vice-presidente da seção de letras e, depois, de vice-presidente da própria academia.
Orientou vários seminários e conferências públicas e apresentou comunicações em numerosos congressos em universidades da Europa e da América e em encontros internacionais na Espanha, França, Inglaterra, Itália, Alemanha, Bélgica, Holanda, Suíça, Polônia, Hungria.
Escreveu os seguintes livros: Ensaio sobre o parnasianismo brasileiro, Reflexões críticas sobre Eça de Queirós, Cultura italiana, Humanismo e erasmismo na cultura portuguesa do século XVI, Cultura portuguesa, O Tratado de confissom e os problemas do Livro português no século XV, Os Lusíadas, 1572-1972, Jean Pic de La Mirandole, Au Portugal dans le sillage d’Erasme, Humanisme et Renaissance de l’Italie au Portugal.
Como ficcionista, escreveu Utopia III, uma criativa sequela da obra homônima de Tomás Morus e, como memorialista, as Histórias de Livros para a História do Livro.